A definição cronológica comum para idoso no Brasil utiliza como ponte de corte os 60 anos. Esse segmento da população tem aumentado de forma rápida, algo comum aos países desenvolvidos e à boa parte dos países em desenvolvimento. Hoje os indivíduos com mais de 60 anos representam 14,7% da população do Brasil, ou 31,23 milhões de pessoas, sendo que cerca de 4,2 milhões estão acima dos 80 anos.
Apesar de o aumento da expectativa de vida do brasileiro ser motivo de comemoração, o envelhecimento da população tem sido acompanhado de uma série de doenças. A demência, especialmente o Mal de Alzheimer, especialmente em regiões onde o nível social e educacional é mais baixo, e os cânceres estão entre as maiores preocupações.
O câncer de pele apesar de englobar um conjunto muito diferente de doenças, na sua maioria corresponde a carcinomas basocelulares ou carcinomas epidermóides iniciais, doenças de baixo potencial de agressividade e lenta evolução, 80% na região da cabeça e pescoço, muitas vezes tratáveis com cirurgias de pequeno porte. No entanto, como essa é uma doença que afeta majoritariamente indivíduos idosos, temos nos deparado cada vez mais com situações de difícil manejo.
A região de Santa Cruz do Sul é conhecida como uma típica região de imigração alemã, com um forte engajamento da população na agricultura, especialmente no cultivo do fumo, uma atividade de intensa mão de obra. Somado a isso, somos uma cidade agraciada por um bom IDH e elevada expectativa de vida. Isso fez da região de Santa Cruz do Sul um foco importante de cânceres de pele e lábios no Estado e Brasil. Nossas diversas publicações acerca do assunto comprovam isso. A nossa equipe tornou-se referência no manejo cirúrgico de câncer de pele de cabeça e pescoço da região, tratando mais de 500 casos/ano. E uma rotina passou a ser manejar idosos extremos, em muitos casos debilitados pelas suas doenças de base, vários com demência em curso, com cânceres de pele de longa data, porém que agravaram-se na idade avançada. O questionamento da família e muitas vezes do próprio paciente é: vale a pena tratar?
A imprevisibilidade do futuro dificulta uma conduta uniforme. O consenso é a individualização do caso, avaliando as condições clínicas de cada um e o eventual risco de óbito iminente em cada caso. De modo geral, pacientes com boa condição clínica para cirurgia, sem doenças que estejam ameaçando sua vida dentro do próximo ano, têm benefício em ser tratados. Por outro lado, pacientes com doenças complexas, risco aumentado de óbito e tumores assintomáticos, seriam melhor manejados com observação.
Não tratar um câncer em um familiar próximo é uma decisão culturalmente difícil no nosso meio, porém cada vez mais aceita, uma vez que se compreende as limitações da vida, os meios de trazer paliação e se respeitam as decisões individuais do paciente que ainda mantém suas capacidades cognitivas preservadas. Independente do caminho escolhido, essa é sempre uma decisão em conjunto, tomada pelo time (equipe médica + família / paciente). E como um time, apoio, confiança, transparência e alinhamento de objetivos é fundamental para o sucesso.
Contem com a nossa equipe e nos procurem caso necessitem do nosso apoio. A clínica Kopfhals está a sua disposição!