O câncer de boca compreende os tumores malignos que se originam desde a superfície dos lábios, gengivas, mucosa oral, parte interna das bochechas, 2/3 anteriores da língua, soalho da boca e palato duro.
Esse é o câncer mais comum dentro os cânceres de via aéreo-digestiva no nosso meio, dividindo posição com o câncer de orofaringe atualmente. Tanto no Brasil, quanto no Rio Grande do Sul, o câncer de boca ocupa a quinta posição como o câncer mais incidente do homem, excetuandose os cânceres de pele. No sudeste da Ásia sua incidência é mais elevada. Na Índia, por exemplo, o câncer de boca é endêmico e é o câncer mais incidente do país.
Os fatores de risco para a doença são os clássicos tabagismo e alcoolismo. Juntos, chegam a elevar o risco de câncer oral em cerca de 30x quando comparados à população sem os mesmos vícios. No entanto, há um grupo crescente de indivíduos, que hoje representam cerca de 20% dos casos, especialmente mulheres e jovens, com uma exposição curta ou inexistente a tabaco e álcool, em que os fatores de risco para a doença não estão claros.
O carcinoma epidermóide é o subtipo mais comum também na cavidade oral. Diferente da faringe e laringe, os cânceres de boca não costumam apresentar respostas favoráveis com terapias baseadas em radioterapia. O tratamento da doença é primariamente cirúrgico.
Portanto, é natural que tumores maiores exigirão também cirurgias mais deformantes, com reconstruções mais desafiadoras e com resultados e desfechos piores. Resultados promissores têm sido mostrados com uso de imuno terapias de forma neoadjuvante (com intuito de reduzir o tamanho do tumor), porém permanecem ainda em nível experimental.
Na Clínica KopfHals, mais de 50% dos casos chegam até nós em estágios avançados, o que faz com que aproximadamente metade dos pacientes não sobrevida 5 anos após o diagnóstico da
doença. Os tumores costumam ter um crescimento rápido e atrasos no tratamento costumam impactar negativamente no desfecho.
Esse foi um subgrupo com grande prejuízo pelas medidas restritivas impostas pela pandemia de COVID-19. Esforços devem ser realizados para que o diagnóstico e tratamento precoce seja realizado.
Cerca de 80% dos retornos de doença, (isso vale também para os casos de câncer de faringe e laringe), ocorre dentro dos primeiros 2 anos após o fim do tratamento. Os restantes 20% ocorrem nos 3 anos subsequentes finais de acompanhamento.
Quanto mais se afasta do período inicial do tratamento, menor a chance de retorno, porém, maior a chance de desenvolvimento de novos tumores.
Os pacientes com história de câncer de boca, faringe e laringe têm um risco acumulado até o final de suas vidas de cerca de 20% de desenvolver um novo tumor, na sua maioria nessas mesmas localizações, sendo que o risco é maior para aqueles que permanecem se expondo a tabaco e álcool.
Portanto, cuide dos seus hábitos e leve uma vida equilibrada e saudável!



