A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma abertura realizada na traqueia, com inserção de um tubo (cânula), que permitirá a passagem do ar. A traqueia é um tubo vertical cilíndrico, cartilaginoso e membranoso, localizado entre a laringe e os brônquios, fortalecido por anéis de cartilagem, que levam o ar inspirado até os pulmões.
É o procedimento cirúrgico mais comumente realizado em pacientes do CTI, sendo necessário entre 10 e 25% dos doentes em ventilação mecânica. A traqueostomia pode reduzir a taxa de complicações e o tempo de internação em pacientes em ventilação.
Em relação ao COVID, cerca de 3% dos pacientes podem desenvolver síndrome respiratória aguda, podendo necessitar de suporte ventilatório.
Traqueostomias precoces foram evitadas nesse cenário, sob o risco de contaminação das equipes e não conhecimento exato de benefício por parte dos doentes.
Porém, o conhecimento acumulado tem mostrado que esse procedimento não somente é seguro para a equipe, como é benéfico para os pacientes quando realizado em período de até 10 dias após a intubação. Pesquisadores espanhóis e ingleses reuniram dados de 36 hospitais entre março e julho de 2020, com 696 pacientes no total no estudo. Não houve acréscimo de mortalidade ou complicações de curto prazo ao indicar traqueostomia precoce.
À luz das indicações da equipe clínica de medicina intensiva, a traqueostomia precoce possibilita alta precoce da CTI e potencialmente reduz o risco de complicações de longo prazo.
